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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Dia Internacional da Tradução e do Tradutor!

Hoje, dia 30 de setembro, é Dia Internacional da Tradução e, consequentemente, do Tradutor! Para celebrar e não deixar a data passar em branco por aqui, criei, com a ajuda do Wordle, uma imagem a partir de uma nuvem de palavras que fazem parte do meu dia a dia como tradutora. Viva eu e, se você é tradutor, um viva a você também! Que a tradução como profissão seja valorizada cada vez mais!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Filme 5: "Esperando Godot" (2001)

"Let us not waste our time in idle discourse! (Pause. Vehemently.) Let us do something, while we have the chance! It is not every day that we are needed. But at this place, at this moment of time, all mankind is us, whether we like it or not. Let us make the most of it, before it is too late!"
- Samuel Beckett, Waiting for Godot


"We are all born mad. Some remain so."
- Samuel Beckett, Waiting for Godot


Já tinha ouvido falar de "Esperando Godot" muitas vezes, mas confesso que nem fazia ideia do que tratava. O filme se baseia na peça de teatro do dramaturgo irlandês Samuel Beckett, publicada em 1952. A peça conta a história de dois amigos, Gogo (Estragon) e Didi (Vladimir), que estão em uma estrada em um campo que tem uma árvore, no final da tarde, esperando por esse tal de Godot. Não se sabe quem é Godot e nem porque eles estão esperando por ele. Enquanto os amigos esperam por Godot, ficam falando sobre coisas triviais, comem, brigam, dormem e até pensam em se matar, se enforcando na árvore. Até que são interrompidos por outros 2 personagens: Pozzo e seu criado Lucky, que acabam fazendo o tempo da espera passar mais depressa, além de irritarem, mas também divertirem Gogo e Didi. A princípio, eles ficam assustados porque Lucky está com uma corda no pescoço (segurada na outra ponta pelo patrão Pozzo), carregando uma mala pesada, uma cesta, andando corcunda e fazendo todas as coisas absurdas que Pozzo manda. Mas como os diálogos de Gogo e Didi no início são meio desconexos e a história em si é considerada teatro do absurdo, a coisa não parece tão estranha assim...



A peça é bem divertida e filosófica, além de crítica, ainda que sutilmente. Um dos momentos mais críticos é quando Pozzo fala para seu criado Lucky dançar e depois pensar (para fazer o tempo passar) e, para pensar, ele precisa estar com o chapéu. E Lucky então começa a falar loucamente usando vários jargões filosóficos e acadêmicos como, "for reasons unknown", "as a result", "left unfinished" etc. Fico imaginando o trabalho que deu para o ator decorar essa fala! O vídeo desse trecho do filme está em inglês, mas é interessante ver mesmo assim. Neste blog aqui, colocaram a fala completa de Lucky em inglês.



Ao final desse primeiro ato, depois de Pozzo e Lucky saírem de cena, surge um menino dizendo que Godot não poderá vir e que voltem amanhã. O segundo ato é praticamente igual, mas Pozzo e Lucky aparecem de novo, o primeiro cego, o outro mudo e nenhum deles lembra de ter conhecido Gogo e Didi. Aliás, nem Gogo se lembra do que aconteceu no dia anterior, apenas Didi. E no final o menino (que também não lembra de nada) aparece novamente e diz que Godot não irá aparecer de novo. Didi é o único que fica encucado e tentando entender por um tempo porque só ele lembra das coisas. Ele se pergunta se estará sonhando, se aquilo tudo é irreal etc. A peça acaba e Godot continua um mistério.



Apesar se ser uma peça onde nada acontece duas vezes ("Nothing to be done"), como disse um crítico, é um tanto filosófica. O tempo todo você lê frases que fazem pensar exatamente no vazio e no sentido da vida. Será que todos nós não estamos também esperando pelo tal de Godot, por aquela coisa/pessoa que irá mudar tudo? Não se sabe nada sobre ela, mas sabemos que temos que esperar por ela e que quando ela acontecer as coisas serão diferentes e tudo fará sentido. Será?

Vladimir: We'll hang ourselves tomorrow. Unless Godot comes.
Estragon: And if he comes?
Vladimir: We'll be saved.

Filme 4: "Valsa com Bashir" (2008)



Assistimos ao quarto filme da lista, uma animação e um documentário autobiográfico. O filme conta a história do próprio diretor do filme, o israelense Ari Folman, veterano da Guerra do Líbano de 1982 em busca de suas memórias sobre os massacres de Sabra e Shatila. No início do filme, ele conversa com um amigo que todos os dias tem um pesadelo relacionado à guerra (que eles lutaram juntos), e esse amigo pergunta se ele também tem lembranças de Beirute. Ele diz que nunca teve e, coincidentemente ou não, depois disso ele começa a lembrar de algumas coisas vagamente e começa a ir atrás de pessoas que lutaram com ele para lembrar do que exatamente aconteceu.


A animação realmente é fantástica e é incrível como os animadores e diretores conseguiram fazer da animação algo tão real que às vezes parece mesmo que você está assistindo a um filme com pessoas de verdade. Tanto é que a animação concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2009 e ganhou vários outros. Se quiser ver quais, visite o site oficial do filme.

Não vou ficar aqui falando do contexto histórico porque coloquei os links da Wikipedia ali acima, então se quiser saber mais basta clicar nos links. Mas o filme é pesado. O momento mais chocante é no final, quando o personagem realmente se lembra do massacre de civis palestinos e é impossível a gente não lembrar dos campos de concentração da Segunda Guerra Mundial. Aliás, o pai do diretor esteve nos campos de concentração de Auschwitz. E você se choca ainda mais e se emociona quando eles começam a exibir cenas reais de corpos empilhados de civis. Homens, mulheres, crianças. Realmente é muito triste ver do que a humanidade é capaz às vezes.


Leia também a excelente resenha de Carlos Alberto Mattos sobre o filme clicando aqui.