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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Amizade, intimidade e verdade

Uma das coisas boas de se ter um amigo íntimo (vou usar o masculino como adjetivo neutro) é que entre você e essa pessoa existe a liberdade de se expressar com naturalidade e de poder falar aquilo o que se pensa, sem se preocupar (tanto) com julgamentos ou se seu amigo tem uma opinião diferente da sua. A amizade, a intimidade e até a cumplicidade toleram as diferenças.

Mas, de que adianta essa liberdade existir, se muitas vezes não podemos usufruir dela? A intimidade teoricamente possibilita dizer a verdade, mas nem sempre podemos dizer ao amigo o que achamos dele, o que achamos da sua atitude. Nem sempre podemos dizer que o que esse amigo fez não é legal e não gostamos. Parece que são poucos aqueles que realmente estão abertos a ouvir, aceitar e entender o que o amigo tem a dizer. A verdade (ou a verdade do outro) é difícil, ainda mais quando é diferente da nossa verdade.

Essa situação aconteceu comigo ano passado e agora acontece de novo com outra pessoa. Praticamente igual. Ano passado falei algumas coisas para um amigo (amigo mesmo, no sentido de antigamente, não no sentido que a palavra é usada hoje, não no sentido "amigo do Facebook") daquele tipo que escrevi acima, e a pessoa em vez de tentar ouvir e entender o meu lado e aceitar a minha verdade, resolveu se distanciar e acabar com uma amizade de vários anos.

Semana passada, aconteceu de novo com outra pessoa. E lembrando que estou falando de amigos íntimos aqui. Aquela pessoa que você conhece há muito tempo, com quem convive muito e que conhece muito bem. Em um email (não tinha como falar de outro jeito), comentei algumas coisas que eu não estava gostando que essa pessoa está fazendo e simplesmente não obtive resposta. Não respondeu meu email e não falou mais comigo.

A conclusão a que chego é que essas pessoas não ouvem a verdade do outro e preferem ignorar o outro porque simplesmente não querem mudar. Elas parece que no fundo sabem que estão agindo mal e que deveriam melhorar, mas simplesmente não querem e creem que os outros têm que aceitá-las do jeito que elas são. Se o amigo não o aceita do jeito que é, que se distancie.

Eu acho que estamos no mundo para aprender e isso inclui aprender a ser um ser humano melhor. Aprender a ouvir, a viver em sociedade. Tem gente que tem dificuldade de fazer isso e é compreensível. O que eu não compreendo é uma pessoa ser tão egoísta a ponto de pensar que não precisa de ninguém, que não precisa da ajuda de ninguém. Essas pessoas são as que mais precisam de ajuda na minha opinião.

Diferentemente dessas 2 pessoas acima, eu estou aberta a ouvir a verdade dos meus amigos sobre mim. É claro que, como essas 2 pessoas, eu também não acho fácil ouvir a verdade do outro, mas estou preparada para ouvi-la e quero mais é que me falem, pois elas têm uma outra visão e se me falam é porque querem o meu bem. Às vezes, a gente simplesmente não consegue enxergar sozinho. Precisamos da ajuda do outro. A verdade às vezes machuca, e muitas vezes ela é um alerta, uma dica, como essa diquinha que meu marido deixou hoje na geladeira para mim antes de sair para o trabalho:


E ele está completamente certo, porque eu exagerei no chocolate nos últimos meses. Eu sei.. Descontei meu estresse no bonitinho do chocolate e é claro que isso não é bom. Mas fiquei feliz ao ler o recadinho do Leo para mim. Porque sei que é um alerta para o meu bem.

E se você é meu amigo íntimo e tem algo a me dizer, saiba que estou aberta e preparada para ouvir. E você, está? Ou é melhor a gente continuar escondendo a verdade do outro? Viajei ou o que falei procede?

Um comentário:

  1. A amizade é uma maneira "estranha" de sentir numa extensão além da nossa "carapuça" ( que aliás muitas vezes não serve nem em nós mesmos), eu sei bem do que falo, porque quando eu falo não sei muito bem se me entendem, se é que você me entende... kkkk
    Uma vez eu li que "carinho tem que ser dado da maneira que o outro entenda, não da maneira que queremos dar"... Sempre penso nisso, e, sempre vejo que o mais difícil é dar o que o outro precisa, seja lá o que for, da maneira que esta pessoa entenda.
    No fundo, acho que é muito complicado isso pra mim, eu sempre tento, sempre tento fazer da forma que gostaria que fizessem por mim... E se não dá certo? Bom... Se não dá certo eu sempre também ligo o foda-se... O que inverte toda a idéia inicial.
    Acho que a velha história de falar uma vez, e, tentar fazer isso o mais sutilmente possível, seja uma opção válida. Normalmente o que acontece comigo é o "não resultado", normalmente... Mas a ligação umbilical com o "foda-se" na minha mente ( treinada com o tempo ) faz com que eu não atinja os limites do outro que se quer eu sei onde estão.
    Fato "consumido"... já que fico livre de dizer o que não iria adiantar, assim como fico sem o peso de ter dito... Ja que dizer nesses termos quase sempre não alivia como a gente pensa.
    Comigo da certo, mesmo com o diabinho num ombro e o anjinho no outro. É que eu sofro demais, demais... Com a perda brusca, por isso prefiro assim: Sentir que o outro não foi por mim, foi pelo próprio caminho e caminho cada um tem o seu.

    Se voce"s" puderem continuar no meu caminho eu agradeço...kkkk
    Um abração

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